A cena política de 2026 começa a ganhar contornos mais definidos — e na Paraíba, a direita poderá ter que decidir entre dois caminhos que, embora pareçam paralelos, tendem a se cruzar inevitavelmente. No último domingo (9), o ex-deputado federal Pedro Cunha Lima (PSD) voltou a elogiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e praticamente selou apoio ao seu nome numa eventual corrida presidencial. O gesto, vindo do presidente estadual do PSD e aliado de Gilberto Kassab, não ou despercebido no cenário nacional — e muito menos no paraibano. 163e3p
Kassab, presidente nacional do PSD, é hoje um dos principais conselheiros políticos de Tarcísio e trabalha abertamente para torná-lo o nome de centro-direita para disputar o Planalto. Pedro, ao acenar para Tarcísio, alinha-se a esse projeto e, de quebra, se posiciona como peça-chave para dar palanque ao governador paulista no Nordeste.
Mas aí entra a pergunta incômoda: e se Bolsonaro também decidir apoiar Tarcísio? Como fica a situação do ex-ministro Marcelo Queiroga (PL), que também se apresenta como pré-candidato a governador na Paraíba e tem sido visto como o nome de confiança do bolsonarismo local?
Na prática, o aceno de Pedro mexe com toda a engenharia da direita paraibana. Afinal, se Tarcísio for mesmo o escolhido de Bolsonaro para a presidência, e Pedro já estiver comprometido com esse projeto, haverá espaço político — e eleitoral — para Queiroga sustentar sua própria candidatura ao governo?
O risco é claro: dois candidatos no mesmo campo, disputando a bênção do mesmo padrinho político, podem acabar anulando um ao outro. E, pior, abrindo caminho para que a base do governo João Azevêdo, alinhada ao presidente Lula, avance sobre um eleitorado ainda difuso.
Outro dilema envolve o próprio Republicanos. O partido de Tarcísio compõe atualmente a base aliada de João Azevêdo na Paraíba. Se o governador de São Paulo for candidato com apoio de Bolsonaro, o Republicanos será obrigado a subir no palanque opositor ao de Lula, inclusive em estados onde mantém alianças locais com o petismo e seus aliados? Ou o partido será “liberado” nos estados, podendo apoiar projetos locais mesmo que contrários à candidatura nacional de seu presidenciável?
Pedro Cunha Lima, ao antecipar seu apoio, parece dar um o largo na tentativa de se reposicionar como protagonista no campo da centro-direita, depois de ter sido derrotado em 2022 por João Azevêdo. Mas sua movimentação obriga a direita paraibana a fazer contas desde já. E o PL de Queiroga também.
Se Tarcísio virar o nome de consenso da direita nacional, alguém terá que ceder no palanque local. E a pergunta que fica no ar é: Queiroga resistirá ou será convencido a abrir espaço para que Pedro lidere a chapa majoritária mais uma vez? Ou vice-versa?
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